Significado da palavra “Caminho” na Bíblia.

Significado da palavra “Caminho” na Bíblia.

Significado da palavra “Caminho” na Bíblia.


Em adição ao sentido literal do termo, a Bíblia usa essa palavra também em sentido metafórico. Por esse motivo, várias palavras hebraicas e gregas estão envolvidas nesse assunto.

1. Palavras hebraicas:

a. Orach, «caminho costumeiro». Termo que figura por sessenta vezes. Para exemplificar: Jó 16:22; 19:8; Sal. 4418; 142:3; Pro. 1:19; 2:15; 4:14; 8:20; Isa. 26:7,8; 41:3.

b. Orcha, «caminho costumeiro». Palavra aramaica que aparece somente em Dan. 4:37 e 5:23.

c. Derek, «vereda». Palavra usada por quase mil e setecentas vezes. Por exemplo: Gên. 3:24; 6:12; Êxo. 4:24; 13:17; Lev. 26:22; Núm. 14:25; 20:17; Deu. 1:2,19,22,31,33,40; 2:1,8; 3:1; Jos. 1:8; 2:7; Juí. 2:17,19,22; 5:10; Rute 1:7; I Sam. 1:18; 6:9,12; II Sam. 2:24; 13:30,34; I Reis 1:49; 2:2-4; II Reis 2:23; 3:8,20; II Crô. 6:16,23,27,30,31,34; Esd. 8:21,22,31; Nee. 9:12,19; Jó 3:23; 4:6; 6:18; Sal. 1:1,6; 2:12; 5:8; 10:5; Pro. 1:15,31; 2:8,12,13,20; 3:6,17,23,31; Ecl. 10:3; Isa. 2:3; 3:12; Jer. 2:17,18,23,33,36; Lam. 1:4; Eze. 3:18,19; 7:3-9,27; 8:5; 9:2,10; Osé. 2:6; Joel 2:7; Amós 2:7; Jó 3:8,10; Miq. 4:2; Naum 1:3; Zac. 1:4,6; Mal. 3:1.

d. Magalah, «vereda», «curso». Palavra usada por sete vezes. Por exemplo: Pro. 5-6; 2:15,18; Sal. 17:5.

e. Nathib, «vereda». Palavra usada por cinco vezes: Jó 18:10; Sal. 78:50; Jó 28:7; 41:32; Sal. 119:35.

f. Mesillah, «estrada». Palavra usada por vinte e sete vezes. Por exemplo: Isa. 59:7; Joel 2:8; Núm. 20:19; Isa. 7:3; 11:16; Jer. 31:21.

g. Magal, «estrada larga (para vagões)». Palavra usada por oito vezes. Por exemplo: Sal. 23:3; Pro. 2:9; Isa. 26:7.

h. Mishol, «vereda estreita». Palavra usada por uma vez somente, isto é, em Núm. 22:24.

i. Nethibah, «trilha». Palavra usada por dezenove vezes. Para exemplificar: Jó 19:8; Sal. 119:105. Pro. 1:15; 3:17; Isa. 42:16; 43:16; Jer. 6:16; Lam. 3:9; Osé. 2:6.

j. Shebil, «vereda», «avanço». Palavra usada somente por duas vezes: Sal. 77:19; Jer. 18:15.

Os usos metafóricos mais comuns, no Antigo Testamento, são os seguintes:

a. Processos naturais: como o caminho do relâmpago e do trovão (Jó 28:26; 38:25), os movimentos da luz (Jó 38:19,24), a vida de uma formiga (Pro. 6:6), o comportamento das águias, das serpentes, os movimentos de uma embarcação, o namoro de um homem, etc. (Pro. 30:19).

b. A conduta moral de um homem, embora a ideia também possa ser expressa de outras maneiras, como é evidente: quanto à bondade(l Sam. 12:23; Sal. 1:6.119:1; Pro. 2:20; 8:20); quanto à maldade (Juí. 2:19; Sal. 119:101,104; Pro. 4:14; Isa. 55:7; Eze. 3:18.19); algumas vezes, sem especificação quanto ao caráter moral de uma pessoa (Gên. 6:12; II Crô. 6: 16,30; Jó. 13:5; Sal. 39:1; Pro. 12:15; 16:29). quanto às tradições boas ou más (I Sam. 8:3,5; I Reis 15:26,34; 22:52); quanto aos galardões da vida ou da morte, por causa da bondade ou da maldade praticadas (Pro. 10:17; 14:12; 15:24; 16:25; Jer. 21:8).

c. Várias facetas da vida humana, como o curso da vida de um homem (Deu. 28:29; Jó 3:23; Sal. 2:12; 37:5; Pro. 3:6; Jer. 10:23); seus planos para a sua vida (Pro 16:9; Osé. 10:13); seus sofrimentos e provações (Sal. 142:3; Jó 23:10); o destino humano na morte (Jos. 23:14; I Reis 2:2).

d. Em muitos casos também estão em foco os caminhos ou métodos de ação seguidos por Deus, como a sua vontade e os seus mandamentos (Deu. 5.33; 8:6; 10:12; 26:17; Sal. 44:18; 119:15; Isa. 2:3); os seus juízos (Isa. 26:8); os seus propósitos (Jó 36:23, Sal. 77:13; 103:7; Isa. 55:9); o seu governo providencial (Deu. 8:2; II Sam. 22:31.33; Jó 19:8; 26:14; Sal. 18:30; Eze. 18:25).

2. Palavras gregas:

a. Odós, «caminho». Palavra usada por cem vezes, desde Mat. 2:12 até Apo. 16:12.

b. Párodos, «passagem». Palavra usada somente em I Cor. 16:7.

c. Poreía, «ida». Palavra usada apenas por duas vezes: Luc. 13:22 e Tia. 1:11.

d. Trópos, «maneira». Palavra empregada por treze vezes: Mat. 23:37; Luc. 13:34; Atos 1:11; 7:28; 15:11; 27:25; Rom. 3:2; Fil. 1:18; II Tes. 2:3; 3:16; II Tim. 3:8. Heb. 13:5,7.

e. Ékbasis, «saída». Palavra usada somente por duas vezes: I Cor. 10:13 e Heb. 13:7.

Além do sentido literal de «caminho», o Novo Testamento encerra os seguintes sentidos metafóricos:

a. Acerca da conduta moral (Mat. 7:13,14; 21:32; Atos 14:16; Rom. 3:16,17; Tia. 5:20; II Ped. 2:15,21).

b. Acerca da vontade, dos propósitos e da veracidade de Deus (Mat. 22:16; Mar. 12:14; Atos 13:10; 18:25,26; Rom. 11:33; I Cor. 4:17; Heb. 3:10 e Apo. 15:3).

c. No livro de Atos, a expressão «o Caminho» refere-se à fé cristã e à maneira de viver seguida pelos discípulos do Senhor, tudo o que era desprezado e até caluniado por seus adversários gratuitos (Atos 9:2; 19:9; 22:4,14; 24:22).

d. Jesus Cristo, o último e perfeito revelador, é «o Caminho» por excelência, em face do exemplo soberbo dado por sua própria pessoa e pela sua morte sacrificial. Ele é o caminho vivo e pessoal até Deus. Também estão em pauta a sua santidade e a sua salvação, pelo que ele é o mestre, o caminho da verdade (Mat. 22:16; Mar. 12:14; Luc. 1:79). Em si mesmo, Jesus é o único «caminho» para Deus (João 14:4-6). E Cristo também é Aquele que abre o caminho para o Santo dos Santos celeste, onde manifesta-se a glória plena de Deus, mediante o seu sacrifício na cruz (Heb. 9:8; 10:19,20).

Do Caminho. Aparentemente tornou-se costumeiro designar desse modo o cristianismo; em que é apresentado o «caminho da vida», sem dúvida uma designação antiquíssima, antes de tornar-se comum o termo cristão. (Ver também vida como termo para indicar o cristianismo, em Atos 5:20). A expressão «caminho», como maneira de expressar o cristianismo e o tipo de vida (talvez incluindo também a doutrina cristã, embora isso não faça parte proeminente da idéia) é usada por nada menos de seis vezes no livro de Atos, e, mui curiosamente, sempre em alguma passagem relacionada a incidentes da vida de Paulo. (Ver Atos 9:2; 19:9,23; 22:4; 24:14,22). É bem possível que essa designação se tenha originado no modo judaico de expressar as coisas, conforme achamos em Isa. 40:3: «...o caminho do Senhor...»; em Sal. 1:6: «...o caminho dos justos...», e «...o caminho dos ímpios», etc. Não nos devemos esquecer de que o próprio Senhor Jesus chamou-se de «...o Caminho...» (João 14:6). Os índios norte-americanos chamavam o cristianismo de estrada de Jesus. Meyer (em Atos 9:2) diz a respeito disso: «Trata-se da direção característica da vida, determinada pela fé em Jesus Cristo».

Existem certas interpretações, alicerçadas na fantasia, como a de Crisóstomo, que pensam tratar-se do caminho para os céus; porém, esse não era o emprego original do termo, por parte de incrédulos, quando usavam essa expressão, e nem é a idéia dominante quando usado pelos crentes, embora, teologicamente falando, seja esse um desenvolvimento natural da idéia. Não é impossível, entretanto, que tal designação se tenha originado do uso que o Senhor Jesus fez da palavra, referindo-se à sua própria pessoa, como «...o Caminho, e a Verdade e a Vida...». Todavia, é mais provável que se tenha originado da observação feita por algum indivíduo alheio ao movimento cristão, sobre o tipo distinto de vida que os cristãos levavam, dizendo que os mesmos eram gente do Caminho que difere em seus costumes e ações, bem como no modo geral de vida, daquele outro «caminho» pelo qual seguem os inconversos. Os primeiros crentes, provavelmente, também se utilizavam do termo para se identificarem a si mesmos, ainda que tal expressão talvez se tenha originado da observação de pessoas estranhas ao cristianismo.

Cada tarefa, para ser devidamente levada a termo, requer um modo próprio de operação. A mais nobre tarefa de todas é a do próprio desenvolvimento espiritual. Trata-se de um nobre caminho, porquanto não somente prepara o espirito para os mundos de luz, mas também envolve, necessariamente, que ajudemos a outros a atingirem o mesmo destino. Em certo sentido, cada indivíduo é uma ilha, pois cada qual é altamente responsável pelo que faz, bem como por seu futuro estado espiritual. O que cada pessoa faz agora, sempre exerce efeito sobre o futuro. Em outro sentido, porém, cada indivíduo está ligado ao continente, pelo que cada um pode ser comparado a um istmo, pois tudo quanto ele faz afeta outras vidas. O homem tem dois amplos destinos, a saber:

1. O destino terreno. O que acontece neste mundo é importante, inteiramente à parte do futuro estado espiritual. A terra tem um destino, e não apenas os indivíduos. Há um propósito que devemos cumprir neste mundo. Por esse motivo, um cientista, que esteja ajudando a comunidade humana a cumprir o seu destino terreno, está cumprindo uma missão divina. Na verdade, todos os homens, os quais vivem dentro daquilo que a vontade de Deus lhes determinou, são seus ministros, conscientes ou inconscientes, sem importar o tipo de trabalho que estiverem fazendo. Temos tarefas terrenas a cumprir, que se relacionam somente a esta vida, mas que são importantes, mesmo quando não se leva em conta a preparação de nossas almas para estados mais elevados. Cada nação à face da terra, e não apenas indivíduos isolados, tem um propósito a cumprir na história. Quando vemos o que está acontecendo, percebemos que as nações têm características que também caracterizam os indivíduos: elas são egoístas, atéias, arrogantes e preguiçosas, ou então ambiciosas, generosas e zelosas quanto às questões religiosas. As nações, e não apenas os indivíduos, podem falhar no cumprimento do que lhes foi dado para fazerem. Os propósitos combinados de todas as nações perfazem o propósito da terra, se todas elas cumprirem o seu papel. A antiga doutrina judaica dizia que cada nação tem seu guia angelical, tal como acontece a cada indivíduo; e essas forças espirituais ajudam as nações a atingirem os propósitos a que cada uma delas está destinada.

2. Também há o destino espiritual, não terreno, dos indivíduos. Na Igreja de Cristo, encontramos um destino comunitário, e nenhuma pessoa é remida como indivíduo isolado. A redenção também tem um aspecto comunitário. A nação de Israel também tem um destino comunitário e espiritual; e isso pode ocorrer no caso de outras nações e de outros grupos, embora as Escrituras não nos prestem informações a esse respeito.

Como é óbvio, os destinos terreno e espiritual estão inter-relacionados. Ademais, mesmo quando consideramos questões meramente terrenas, vemos que as pessoas trabalham e produzem melhor se contam com guias e influências espirituais, que as inspiram. Quais são os meios de desenvolvimento espiritual? Consideremos os sete pontos abaixo:

1. O treinamento do intelecto, mediante o estudo de livros espirituais. filosóficos, religiosos, e sobretudo, o estudo das Escrituras Sagradas. É proveitoso o estudo das religiões não cristãs, pois aqui ou acolá encontramos jóias de grande valor, nos lugares mais inesperados. Além disso, a ignorância sobre as crenças alheias dificilmente promove a espiritualidade; a ignorância, por si só, já é prejudicial à espiritualidade.

2. O uso da oração (que vide). A oração é a linha de comunicação que temos com o mundo celestial, de onde derivamos ajuda e poder espirituais.

3. O uso da meditação. A meditação é irmã gêmea da oração. Consiste em esperar receber comunicações do Ser divino, em vez de falar com o Ser divino. A Igreja Ortodoxa Oriental tem-se notabilizado pelo fato de que muitos de seus vultos têm buscado iluminação espiritual através da meditação. Alguns evangélicos se têm manifestado contrariamente à meditação, mas a meditação Cristocêntrica pode ser uma grande força iluminadora. O trecho de Efé. 1:17,18 refere-se, de modo bem definido, à necessidade que temos de iluminação. Esse é o toque místico da nossa fé religiosa. Ver o artigo sobre o Misticismo. Conforme esse termo é usado neste Dicionário, misticismo é o contacto com algum poder superior a nós mesmos, sem importar se com a alma, com o homem espiritual ou com poderes divinos. Isso posto, doutrinas como a da regeneração, das operações do Espírito Santo, da iluminação diária, etc., são doutrinas místicas, em consonância com essa definição.

4. A santificação. A inquirição espiritual de alguém não pode avançar grande coisa sem o concurso da santificação (que vide). Sem a santificação, ninguém verá a Deus (Heb. 12:14); sem a santificação, o progresso espiritual do indivíduo é tolhido.

5. As boas obras.—Cada vez que alguém pratica o bem em favor de outrem, aprimora-se a qualidade espiritual de seu ser. Ver Efé. 2:10.

6. A lei do amor. Essa lei consiste em fazer pelo próximo o que gostaríamos que os outros fizessem por nós. O amor é a mais poderosa virtude de todas, o solo onde todas as demais virtudes são cultivadas. Ver Gál. 5:22. Ver o artigo sobre o Amor.

7. O desenvolvimento de todas as virtudes. Ver Gál. 5:22,23, que menciona qualidades como «amor», «alegria», «paz», «longanimidade», «benignidade», «bondade», «fidelidade», «mansidão» e «domínio próprio». Todas essas qualidades espirituais devem ser cultivadas, porquanto são necessárias ao nosso progresso espiritual.

Os Quatro Caminhos do Hinduísmo. Não prejudica ao crente examinar o que outras pessoas e religiões têm pensado. No tocante à vida espiritual, o sistema do hinduísmo tem algumas sugestões valiosas, ao menos para efeito de comparação. O hinduísmo parte da idéia de que diferentes tipos de pessoas ressaltam diferentes meios de expressão, através dos quais elas se desenvolvem espiritualmente. No hinduísmo, esses caminhos são chamados yogas ou jugos. Cada indivíduo se especializaria em um jugo diferente, embora, em algum grau, também utilize todos os outros jugos. Alguns gigantes espirituais são capazes de suportar mais de um jugo a cada vez. No hinduísmo, os quatro caminhos têm o intuito de separar-nos de pensamentos e atos egoístas, instalando em nós o senso de outra dimensão, da dimensão divina. Os sentidos nos transformariam em escravos. O corpo é nosso exigente senhor. Porém, há algo mais elevado a ser buscado.

A mente sem repouso do homem
É fortemente sacudida
Nas garras dos sentidos...
Verdadeiramente, penso
Que o vento não é tão selvagem.
(Bhagavad-Gita)

a. O Caminho do Trabalho. Algumas pessoas preferem trabalhar para o Senhor do que desfrutar de sua comunhão, conforme foi tipificado por Marta, irmã de Maria (ver Luc. 10:38-42). A idéia do hinduísmo é que precisamos eliminar o egoísmo; e uma das maneiras para conseguirmos isso é dedicar-nos a alguma tarefa de modo absoluto. Se nos perdermos nesse afã, haveremos de tomar-nos menos egoístas, assim obtendo uma melhor qualidade espiritual. Os cientistas em geral, são pessoas que escolhem o caminho do trabalho.

b. O Caminho do Conhecimento. Algumas pessoas têm fome e sede de conhecimento. O caminho intelectual também pode despir-nos de muito egoísmo, melhorando a nossa qualidade espiritual. Além disso, o conhecimento é capaz de outorgar-nos horizontes espirituais mais amplos. Os intelectuais e os eruditos entram por esse caminho.

c. O Caminho do Misticismo. Alguns são místicos naturais, e sentem que o caminho do misticismo é muito recompensador. Que outros prefiram o trabalho ou as atividades intelectuais. Porém, sempre haverá um lugar para os místicos. Os profetas e santos são místicos, e devemos ser gratos por eles, porquanto eles nos têm dado os Documentos Sagrados, estabelecendo um elevado exemplo espiritual a ser seguido, sobretudo na senda da santidade.

d. O Caminho do Amor. Não existe princípio espiritual mais elevado do que a vida que segue pelo caminho do amor, segundo o qual a pessoa sente a seus semelhantes com atitude altruísta. Algumas pessoas inclinam-se, naturalmente, para esse caminho, e todos deveriam buscar esse tipo de vida. Os filantropos, os médicos, as enfermeiras, ao servirem ao próximo, geralmente sob condições desagradáveis, porque convivem com pessoas enfermas e moribundas, expressam-se atiavés desse caminho. A Igreja cristã inteira deveria ocupar-se nesse tipo de atividade, fazendo pelo próximo, o que gostariam que se fizesse a eles.

O ser humano, que afastou-se para longe do Fogo Central, precisa de muitos modos de ajuda, que lhe facilitem recuperar sua glória perdida. (HUS NTI)